O ano está terminando e você não cumpriu aquela promessa de começar a poupar? Além de não conseguir investir, quem não guarda dinheiro acaba tendo que recorrer a um empréstimo no banco no primeiro imprevisto, seja um carro quebrado, um parente doente ou um cano estourado em casa, por exemplo.
Investir é um hábito, e dá para começar com pouco dinheiro. De acordo com Valter Police Júnior, da empresa de planejamento financeiro Fiduc, é possível iniciar uma carteira de investimentos com apenas R$ 100.

“O brasileiro tem três problemas graves [em relação a dinheiro]: só pensa no curto prazo, acha que não vale a pena investir pouco e quer ficar rico rapidamente”, disse. “Por isso, não percebe as vantagens de começar a poupar, e não consegue montar uma carteira de investimentos. Essas três coisas precisam ser desmistificadas.”

Antes de mais nada, o plano deve ser construir uma reserva de emergência. O mais prudente, disse o planejador financeiro, é guardar, pelo menos, o equivalente a seis vezes o valor das despesas mensais. Se você gasta R$ 1.000 por mês com as contas do dia a dia, como supermercado, aluguel e gasolina, precisa juntar até atingir R$ 6.000.

Esse dinheiro deve ir para uma aplicação que tenha liquidez, ou seja, que possa ser sacada a qualquer momento sem perder rendimento. A aplicação não pode ser de alto risco, como a Bolsa. “Se você aplica na Bolsa, pode ter que sacar justo na hora em que a ação se desvalorizou. Aí você perde dinheiro”, disse.
Mais do que obter um ganho extraordinário, o objetivo é preservar o valor do dinheiro, para não vê-lo ser corroído pela inflação. “Para quem está fazendo uma reserva, não faz diferença se a aplicação vai render 4% ou 4,5%”, afirmou.

ONDE APLICAR

Os produtos que atendem a essas recomendações são Tesouro Selic, fundo DI e CDB, os três com opções no mercado que permitem aplicações a partir de R$ 100. Todos sofrem o desconto de Imposto de Renda e, caso o saque ocorra em menos de 30 dias, de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
– Tesouro Selic: é a aplicação mais conservadora em títulos do governo, com rendimento baseado na taxa básica de juros, a Selic. A vantagem é não perder dinheiro se precisar sacar antes do vencimento. Há cobrança de taxa de custódia, de 0,125% sobre o total aplicado. Alguns bancos e corretoras podem cobrar taxa de administração.

– CDB: ao comprar esse título, é como se emprestasse dinheiro ao banco em troca de uma taxa de juros. Há CDBs que permitem resgate diário, e o produto tem a vantagem de ser coberto pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos), o que garante ressarcimento ao investidor, até um valor limite, caso o banco quebre.

– Fundo DI: outro investimento com liquidez diária. O investidor deve ficar atento porque o gestor do fundo pode cobrar taxa de administração.
Com R$ 100, aplicações nesses três produtos vão render, ao fim de um ano, algo como R$ 4. É pouco, mas o objetivo maior do aplicador é usar essa conta para criar o hábito de sempre aplicar uma quantia por mês.

ALÉM DA RESERVA

Após formar a reserva, é hora de começar a montar uma carteira, ou seja, aplicar em outros investimentos. “Para quem está começando a investir, a forma mais segura de diversificar é buscando fundos de investimento”, afirmou o planejador financeiro.

Isso significa buscar investimentos que tenham um pouco mais de risco. São produtos de renda fixa, por exemplo, que aplicam também em títulos de empresas, as chamadas debêntures, e não apenas em títulos do governo. Ou, ainda, fundos que aplicam uma parte dos recursos em ações.

Mesmo que o rendimento desses produtos oscile muito, você poderá esperar o melhor momento para sacar. Afinal, para as emergências, haverá sempre aquela reserva que começou a ser formada com R$ 100.

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