Apenas 44% dos recursos liberados do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foram efetivamente sacados pelos beneficiários. O valor corresponde a R$ 3,70 bilhões, de um total de R$ 8,60 bilhões disponibilizados nas três primeiras rodadas de liberação, e diz respeito aos beneficiários que não têm conta na Caixa Econômica Federal.

Estes dados constam de apresentação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, feita em evento da Casa das Garças na tarde desta sexta-feira, 20, no Rio de Janeiro. O evento foi fechado à imprensa.

Conforme os números do BC, que têm como fonte o Sistema de Informações de Crédito (SCR), na primeira rodada de liberação, em 18 de outubro, foram sacados R$ 800 milhões do total de R$ 1,8 bilhão disponibilizado. Na segunda rodada, de 25 de outubro, o saque foi de R$ 1,4 bilhão, de um montante de R$ 3,4 bilhões. Na terceira rodada, o saque foi de R$ 1,5 bilhão, de um total de R$ 3,4 bilhões.

Os dados dizem respeito ao chamado saque imediato do FGTS, em que os trabalhadores teriam, originalmente, direito a sacar até R$ 500 de cada conta ativa ou inativa. Recentemente, o Congresso alterou o valor para até R$ 998 e o novo parâmetro foi sancionado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Os beneficiários têm até o fim de março para sacar os recursos.

Para os brasileiros que possuem relação com a Caixa Econômica Federal, os recursos do FGTS foram disponibilizados automaticamente em suas contas, em um total de R$ 15,2 bilhões nas três primeiras rodadas de liberação, conforme os dados do SCR.

Estímulo ao PIB

Em comunicações recentes, o Banco Central tem destacado que a liberação do FGTS – somada ao saque do PIS-Pasep, também anunciado pelo governo no segundo semestre deste ano – tende a estimular a economia como um todo, com reflexos sobre o Produto Interno Bruto (PIB). Para o BC, o impacto da liberação do FGTS e do PIS-Pasep ficará mais concentrado justamente no último trimestre de 2019.

Pelos dados citados na apresentação de Campos Neto, porém, observa-se que o saque do FGTS, pelo menos em um primeiro momento, ficou limitado a 44% do total disponibilizado para quem não possui conta na Caixa Econômica Federal.

Câmbio

Em palestra feita durante almoço promovido pela Casa das Garças, o presidente do BC destacou os eventos que impactaram o câmbio desde o início de novembro. Conforme apresentação de Campos Neto publicada pelo BC na internet, o primeiro evento foi o leilão da cessão onerosa de petróleo, que fez o dólar saltar de perto de R$ 4,00 para mais de R$ 4,15 no início do mês passado.

Em eventos públicos recentes, Campos Neto já havia destacado o efeito da frustração com o leilão sobre o câmbio. Como o resultado ficou abaixo do esperado, houve uma pressão de alta do dólar ante o real.

No gráfico que consta na apresentação de hoje de Campos Neto, há também a citação das manifestações em diversos países da América Latina como fonte de volatilidade para a moeda americana. Neste caso, o efeito foi de elevação do dólar para acima dos R$ 4,20.

Outro ponto de pressão sobre o câmbio foi a entrevista concedida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em Washington, na noite do dia 25 de novembro. Na ocasião, ele disse não estar preocupado com o dólar acima de R$ 4,20 e que “é bom se acostumar com o câmbio mais alto e juro mais baixo por um bom tempo”. Este fator, juntamente com a revisão de dados do balanço de pagamentos – também citado por Campos Neto -, fez a moeda americana superar os R$ 4,25.

Por fim, o presidente do BC citou um fator baixista para a cotação do dólar no fim de novembro: a revisão dos dados da balança comercial, promovida pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia. Nela, houve aumento das exportações registradas no mês, o que contribuiu para que a cotação do dólar voltasse a se aproximar dos R$ 4,20.

Fonte: Estadão Conteúdo