Dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que cerca de 13,5 milhões de pessoas viviam em situação de extrema pobreza no Brasil em 2018. O dado registra um aumento de 0,1% em relação ao ano de 2017 e representa um contingente superior à população total de países como Bolívia, Bélgica, Grécia e Portugal.
Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais que aponta que quase metade (47,0%) dos brasileiros abaixo da linha de pobreza em 2018 estava na Região Nordeste.
No Piauí, segundo o levantamento, 14,2% da população pesquisada está abaixo da linha da pobreza. O índice é superior à média do Nordeste (13,6%) e do país (6,5%). O estado tem o terceiro maior índice, ficando abaixo dos estados do Maranhão, que registrou 19,9% da população nessa situação e de Alagoas que registrou 17,2%. O melhor menor índice da região ficou com o Rio Grande do Norte, com 10,3%. Nacionalmente, Santa Catarina registrou o menor percentual (1,5%)
Para o Piauí, em relação ao ano passado, o índice representa uma queda de 0,6 % na parcela de pessoas em extrema pobreza, ao contrário de outros estados, onde o percentual aumentou. No entanto, o índice piauiense em 2018 só é menor que o valor registrado em 2017. Em 2014, o IBGE indicava que 12,4 % estava em extrema pobreza e o percentual cresceu desde então, como ocorreu com os demais estados da região.
Aumento da pobreza vem desde 2014
Durante o período de 2012 a 2014, o Brasil registrou redução de 1,3 ponto percentual na proporção de pessoas com rendimento inferior a US$ 1,90 PPC (menos de R$ 8,00 por dia), quando ela chegou a 4,5%. A queda, no entanto, foi seguida de aumento de 2,0 pontos percentuais entre 2014 e 2018, resultando em 6,5% da população brasileira com rendimento inferior a menos de R$ 8 por dia em 2018.
O número total de pessoas em extrema pobreza no Brasil equivale a aproximadamente a soma das populações dos estados do Piauí e Ceará.
Perfil da população
Segundo o IBGE, a pobreza não afeta a todos de maneira similar, havendo alguns perfis populacionais que estão mais propensos a possuir rendimentos diários baixos. Grupos populacionais relacionados à faixa etária, gênero e cor tendem a ser mais vulneráveis e estão entre aqueles com menores rendimentos.
Crianças entre 0 e 14 anos representam 42,3%, em comparação com a população acima de 60 anos, em que o percentual era de 7,5%. Dentre pessoas de cor ou raça preta ou parda, o percentual era de 32,9%, ante 15,4% de pessoas de cor ou raça branca.
A formação familiar dos domicílios também revela que dentre aqueles formados por responsável sem cônjuge e com filhos de até 14 anos, mais da metade das pessoas estavam abaixo da linha (54,0%), em especial, quando esse responsável é mulher preta ou parda (63,0%).
Valmir Macêdo
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