Procurador recebeu mais de R$ 60 mil, em média Reprodução/Google Maps

O procurador de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Leonardo Azeredo dos Santos, que perguntou como é que uma pessoa pode viver com R$ 24 mil, recebeu três vezes mais que esse valor em janeiro deste ano.

Somando o salário líquido, indenizações e remunerações retroativas/temporárias, o membro do MP embolsou R$ 87.815,30 no primeiro mês do ano. A informação está disponível no Portal da Transparência do órgão e pode ser consultado por qualquer pessoa.

Para se ter uma ideia, o salário do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Dias Toffoli, no mesmo período foi de R$ 47.184,80 – considerando, ainda parcela do 13º salário e um terço de férias.

Mas apesar do valor, o mês de janeiro não foi o único em que o procurador Leonardo Azeredo dos Santos recebeu mais que o valor de R$ 24 mil. Em fevereiro, o valor foi de R$ 66 mil. Em março, R$ 52 mil. Em abril, R$ 63 mil. Em maio, R$ 64 mil. Em junho, R$ 78 mil e, em julho, R$ 65 mil. O MP ainda não divulgou a folha de pagamento do mês de agosto.

Gravação

Nesta segunda-feira (9), o áudio de uma reunião interna da Câmara de Procuradores, realizada em 12 de agosto, vazou. No encontro, o procurador reclamou diretamente ao Procurador-Geral de Justiça, Antônio Sérgio Tonet, sobre os salários da categoria.

“Como é que o cara vai viver com R$ 24 mil? O que é que nós vamos fazer para melhorar a nossa remuneração?”, perguntou Azeredo dos Santos a Tonet.

Em outro momento da reunião, o procurador do MP mineiro chama de “miserê” o salário de R$ 24 mil. O valor é o que aparece no contracheque dele após os descontos de Imposto de Renda e INSS. O bruto é de R$ 35 mil, mas em todos os meses, o procurador do MP recebeu altos valores como “indenização” ou “remunerações retroativas/temporárias”.

O procurador também parece sugerir o Procurador-Geral a encontrar uma solução para aumentar os salários dos membros do MP. “Eu quero saber se nós vamos continuar, ano que vem, nessa situação, ou se vossa Excelência já planeja alguma coisa, dentro da sua criatividade para melhorar nossa situação. Ou se nós vamos ficar nesse miserê aí”, questionou.

Resposta

A reportagem perguntou ao Ministério Público, o que representam os valores de “indenização” ou “remunerações retroativas/temporárias”, mas até o momento não obteve resposta.

Segundo o MP, a declaração do procurador Leonardo Azeredo dos Santos foi de cunho pessoal, mas ressaltou que “não há nenhum projeto em andamento sobre a adoção de benefícios pecuniários para a carreira de membros (procuradores e promotores de Justiça) ou de servidores, em vista da grave crise financeira vivenciada pelo estado e da necessidade de observação da Lei de Responsabilidade Fiscal para gastos com pessoal”.

O órgão ainda ressaltou que vem tomando “medidas de austeridade” para aumentar a eficiência administrativa e reduzir os gastos, principalmente com pessoal. “Esse conjunto de medidas tem se mostrado eficiente para manter o Ministério Público dentro do limite legal de 2% da Receita Corrente Líquida”, diz o MP em nota.

R7