Segundo dados divulgados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade de defesa dos direitos da população LGBT, nove pessoas foram mortas por LGBTfobia no Piauí durante o ano de 2018. Apesar de ocupar o segundo lugar, juntamente com o Maranhão, em menor número de mortes do Nordeste, a quantidade de pessoas mortas por preconceito de gênero e sexualidade ainda preocupa a população LGBTQI+.

Uma das possíveis vítimas, o jovem Valteres Peixoto, foi assassinado em janeiro de 2018 no município de Piripiri, localizado a 155 km de Teresina. O corpo do jovem foi encontrado com várias lesões na cabeça em uma localidade conhecida como Engancho, nas proximidades da BR-343. Na época, a suspeita era de que o crime tenha sido motivado por homofobia, que é a rejeição ou aversão à pessoa homossexual e à homossexualidade.

Para a coordenadora estadual do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negros e Negras e atual coordenadora do Grupo Piauiense de Travestis e Transexuais (Gptrans), Leonna Osternes, apesar dos avanços nas políticas públicas dedicadas à população LGBTQI+, o Piauí ainda é um estado com raízes preconceituosas e transfóbicas. “As pessoas estão se conscientizando e nós, travestis e transexuais, somos as mais vulneráveis e mais atacadas, nós sentimos na pele o preconceito todos os dias”, destaca.

Segundo ela, o Piauí é a unidade federativa com mais mecanismos voltados para a população LGBTQI+, em especial para as travestis e transexuais. Apesar disso, ela frisa que essa população teme ver seus direitos reduzidos e que o número de mortes aumente nos próximos anos. “Nós estamos correndo um risco muito grande. Se antes matavam a gente, agora esse índice vai crescer ainda mais. A população nos vê como bichos, domo demônios, mas somos cidadãs e pagamos nossos impostos, não somos diferentes do resto da população”, afirma.

De acordo com a coordenadora do Gptrans, os avanços nos direitos dessa população e a redução do número de mortes podem ser alcançados através da conscientização e da inserção dessas pessoas no mercado de trabalho.

Um LGBT morre de forma violenta a cada 20 horas no Brasil

Ainda segundo o relatório divulgado pelo GGB, a cada 20 horas um LGBT morre de forma violenta vítima da LGBTfobia, o que faz do Brasil o campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais. Somente em 2018, 420 LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) morreram no Brasil vítimas da homolesbotransfobia: 320 homicídios (76%) e 100 suicídios (24%). Uma pequena redução de 6% em relação a 2017, quando registraram-se 445 mortes, número recorde nos 39 anos desde que o Grupo Gay da Bahia iniciou esse banco de dados.

O Dia