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Biodiesel de babaçu tem a melhor vida útil

O Piauí caminha para um futuro de sustentabilidade e redução na emissão de gases poluentes. A partir de estudos desenvolvidos com o apoio da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), o professor Manoel Gabriel Rodrigues Filho, doutor em química analítica, produz biodiesel a partir do óleo de coco babaçu em uma iniciativa inovadora.

Isto porque o biodiesel extraído a partir do coco babaçu é mais vantajoso. Tanto economicamente como para estoque e produção. Além, é claro, de ser um bem renovável e diminuir consideravelmente a emissão de gases poluentes na atmosfera.

O coco babaçu tem uma grande produção no Piauí. “Somos o terceiro maior produtor, diretamente do extrativismo vegetal, sem a necessidade de plantio. A exploração é natural. A cadeia do coco babaçu começou com um projeto aprovado na FINEPI, onde foi escolhido o coco. Assim os subprodutos do coco babaçu estão mais valorizados. O que agrega maior valor é o óleo retirado das amêndoas”, explica Manoel Gabriel.

O óleo do coco vem de uma produção artesanal. “Nós passamos a produzir o biodiesel a partir do óleo extraído pelas quebradeiras de coco. Isto é o que agrega maior valor. Isto está diretamente ligado ao meio ambiente, porque o óleo está saindo de uma biomassa, de um recurso completamente renovável. O ciclo do carbono estaria fechado”, avalia o professor da UESPI e diretor do Centro de Ciências da Natureza (CCN).

Na prática, os biocombustíveis já são aplicados no diesel convencional. “Esta é uma forma de diminuir o dano ambiental. A Eletrobras estipulou 20% de biocombustível no diesel. Vale ressaltar que o biocombustível obtido do babaçu é melhor porque ele não envelhece como o feito da soja, que corresponde a 78% da produção nacional. O recurso obtido a partir da soja tem apenas 30 dias de vida útil. Depois disso, ele passa a oxidar e se deteriorar”, explica.

Quimicamente, o óleo do babaçu apresenta melhores propriedades. “Para um posto de gasolina, o biocombustível do babaçu é melhor, porque tem pouquíssimas duplas ligações. Ele não oxida. Ele tem uma vida útil de 30 a 40 vezes mais que o biodiesel da soja”, acrescenta Manoel Gabriel.

Combustível 100% natural

As pesquisas desenvolvidas pelo professor Manoel Gabriel caminham para a produção de um biocombustível 100% natural, sem insumos dependentes do petróleo.

A pesquisa está desenvolvendo a segunda etapa do projeto. “Estamos com a primeira etapa consolidada, que é a rota do babaçu. Sabemos produzir o óleo em pequena e grande escala. Nossa segunda etapa é fazer que todas as partes do coco sejam aproveitadas. Agora mesmo estamos tentando retirar o álcool da casca do coco babaçu, o mesocarpo”, explica o professor da UESPI.

Atualmente, o biocombustível depende da produção de petróleo. “Para produzir biodiesel nós usamos álcool, que é o metanol, fruto do petróleo. Nossa ideia é fazer um biodiesel 100% natural, misturando o óleo do coco ao álcool retirado da casca do próprio álcool. Assim podemos livrar o meio ambiente do efeito estufa e de gases poluentes”, defende Manoel Gabriel.

“Não acho que ficaremos livres do petróleo porque ainda temos o apelo alimentar. Uma cadeia alimentar voltada só para o combustível, faltaria para alimentação. Não teria como plantar babaçu”, finaliza o doutor em química analítica. (L.A.)

Meio Norte