Os médicos que acompanham o candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, não autorizaram a ida do paciente a debates eleitorais na TV e a eventos de campanha de rua pelo país. Bolsonaro disputa o segundo turno da eleição presidencial com Fernando Haddad (PT) e o primeiro debate entre eles estava marcado inicialmente para ocorrer nesta sexta (12), na Band.

Bolsonaro passou por uma avaliação médica na manhã desta quarta-feira (10) na sua casa, na Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade. Segundo o cirurgião Luiz Macedo e o cardiologista Leandro Echenique, o candidato ainda está fraco para os compromissos eleitorais. Ainda de acordo com os médicos, o tratamento está focado na recuperação de peso e reposição de vitaminas.

“Por enquanto ele não está liberado [para eventos de campanha]. Não sei a respeito do debate, sei que na quinta-feira [dia 18] ele estará conosco no [Hospital Albert] Einstein”, disse Macedo. O candidato passará por uma nova avaliação médica na próxima semana.

Enquanto a equipe médica de Bolsonaro falava com a imprensa na porta da casa de Bolsonaro, Fernando Haddad dava entrevista coletiva para veículos estrangeiros. Ele criticou o fato de Bolsonaro não comparecer ao evento e disse que “irá na enfermaria em que ele estiver” para “debater o Brasil”. “Eu vou até uma enfermaria, na boa, fazer o debate porque nós temos que passar a limpo muita coisa”, disse o petista a jornalistas estrangeiros em São Paulo.

Durante a entrevista, Haddad foi informado por um assessor sobre a recomendação médica a Bolsonaro. Ele reafirma, então, que está disposto a ir “na enfermaria que ele estiver”. “Os brasileiros precisam saber a verdade sobre as coisas. Se tem fake news, vamos tratar isso como adultos. Eu não tenho problema em tratar nenhum tema, mas vamos tratar de forma adulta e não fazendo criancice na internet contando com a boa-fé das pessoas. Muita gente acredita no que recebe no WhatsApp, e no WhatsApp você não tem contraditório, no debate você tem.”

O petista disse ainda que não pretende estressar Bolsonaro nos debates. “Ele falou que não quer se estressar, eu não vou estressar ele. Vou falar da forma mais calma possível. Vou falar docemente. Não altero a voz. Nem olho para ele se ele ficar com muito receio. Faço o que ele quiser para ele falar o que ele pensa e debater o país. Com assistência médica, enfermaria, em qualquer ambiente.”

Haddad voltou a ligar Bolsonaro à disseminação de notícias falsas. E disse que, em um segundo turno, “o peso das fake news será menor se tiver debate, entendeu?” “Porque, se tiver debate, a pessoa vai ter que te perguntar. Só vai ter ele para perguntar, só você para responder. Não tem dez candidatos. Tem dois. Não há como se acovardar num debate. Ele vai ter que enfrentar”.

No primeiro turno da eleição, Bolsonaro e Haddad foram os mais votados para a Presidência e disputarão o segundo turno no dia 28 de outubro. O candidato do PSL recebeu 46% dos votos; já o petista foi escolhido por 29% dos eleitores. Haddad substituiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve sua candidatura barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no início de setembro.

Haddad se encontrará com representante da CNBB

Na quinta-feira (11), o petista tentará uma aproximação com setores religiosos na busca por reverter o avanço de Bolsonaro nesse campo. Haddad terá encontro com a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), ligada à Igreja Católica. “Inclusive para conter as mentiras que meu adversário está jogando na internet. É mentira todo dia”, diz ele.

Bolsonaro não foi o único alvo de críticas de Haddad. O guru econômico do candidato do PSL e já indicado como ministro da Fazenda, Paulo Guedes, foi alvo do petista, que o comparou às ideias do governo Michel Temer (MDB). “A política do Paulo Guedes é aprofundar a agenda Temer. É o Temer piorado”, disse. “Agora, precisa haver debate. Se não houver debate, as pessoas vão votar com o fígado, e não com o coração”.

Haddad reafirmou que não haverá banqueiro no ministério da Fazenda em um eventual governo seu. “Tem que ser alguém comprometido com a produção, com a geração de empregos. E não com o lucro fácil que os bancos têm no Brasil”.

UOL