Na pequena localidade de Várzea Queimada, na zona rural de Jaicós, a 363 km de Teresina, é difícil encontrar uma casa onde não haja pelo menos um artesão. A atividade que está presente há gerações comunidade de cerca de 900 habitantes teve um crescimento importante há cerca de seis anos com a criação da Associação de Artesãs de Várzea Queimada. São mãos femininas que produzem peças que são exportadas para todo o Brasil, e até para o exterior.
Os produtos feitos pela associação de mulheres são peças artesanais feitas com fibra de carnaúba, insumo natural encontrado em abundância na região. As artesãs produzem coletivamente, dividindo o trabalho e também os lucros obtidos com as encomendas. Os produtos são variados: bolsas, malas, até lustres.
O trabalho acontece na sede da associação, o espaço batizado de Toca, local para reuniões e para exibir o trabalho das 30 artesãs associadas. “Eu sempre cito que a nossa principal mudança mesmo foi a nossa autoestima, essa vida que a gente deu para a alma”, disse a artesã Marcilene Barbosa. “Essa capacidade que a gente tem hoje de estar lutando por nossos objetivos e estar vendo além do hoje, o amanhã”.
Até 2011 o artesanato em Várzea Queimada era feito informalmente. As peças eram produzidas e vendidas apenas em feiras na região, e boa parte do trabalho ficava guardado. Em 2012 o talento das artesãs piauienses chamou a atenção de designers do Instituto AGT (A Gente Transforma). Foi o início de uma parceria que dura até hoje.
Encabeçado por arquitetos, decoradores e designers de renome nacional e com o apoio do Sebrae, o projeto ajudou as mulheres a aprimorarem seu trabalho e desenvolverem o artesanato com a palha de carnaúba. “Isso fez com que nossa comunidade, nosso trabalho fosse reconhecido nacionalmente e internacionalmente. Sempre vem algum designer e desenvolve alguma peça junto com a gente”, disse Marcilene.
Atualmente, as artesãs desenvolvem, sob a orientação de especialistas, peças que farão parte de uma nova coleção. O trabalho é realizado por uma revista de circulação nacional. Enquanto o mundo espera o resultado, as artesãs trabalham cheias de orgulho e vontade de crescer, como disse a artesã Silvana Araújo: “Quanto mais a gente trabalha, mais tem vontade. A gente vai pegando gosto no trabalho e aprendendo mais. Peças que a gente acha que não tem capacidade de fazer, e a gente faz”.
G1