O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Piauí (Sintect-PI) divulgou, nesta segunda-feira (18), uma nota em que denuncia que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) está passando por um “processo de ingerência e desorganização” no Piauí, que tem afetado tanto os clientes quanto os trabalhadores.

A entidade sindical afirma que há meses já vem comunicando à direção nacional da empresa e ao Ministério Público Federal a situação de “total descaso” e “abandono” em que se encontra a estrutura dos Correios no estado. Até agora, contudo, não foi apresentada uma solução para o problema, segundo o Sintect-PI.

O sindicato afirma que os clientes têm sido lesados com serviços caros e atrasos constantes nas entregas, enquanto os trabalhadores são submetidos a condições precárias de trabalho. E, de acordo com a entidade de classe, a Superintendência Regional da ECT no Piauí permanece inerte diante desse quadro preocupante.

“É inexplicável como a direção dos Correios consegue ter um aumento no lucro e na demanda de trabalho de 35%, no setor de encomendas em 2017, e segue piorando o serviço, prejudicando tanto os clientes quanto os trabalhadores, que querem fazer as entregas e manter a imagem de competência da empresa”, afirma Edilson Santos, presidente do Sintect-PI.

Segundo o sindicato, a falta de manutenção é geral. Carros, motocicletas e bicicletas estão quebrados, e não há qualquer previsão de conserto ou manutenção, por falta de pagamento das oficinas e dos fornecedores.

O Sintect-PI afirma que a situação caótica já levou ao fechamento de guichês de atendimento em várias agências, mesmo havendo profissionais disponíveis para trabalhar.

Ademais, a entidade denuncia que os trabalhadores são submetidas a metas praticamente inatingíveis, diante das péssimas condições de trabalho.

“O Centro de Entrega de Encomendas (CEE), considerado um setor especial nos Correios, está sofrendo com a falta de papel, tinta e clipes. Além disso, várias impressoras estão quebradas por falta de manutenção. Já o Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas (CTCE) está há vários anos com problema de climatização. E no período de B-R-O-BRÓ, o mais quente do ano, a possibilidade de paralisação do setor é quase dada como certa”, alerta o sindicato.

Ainda de acordo com o Sintect-PI, o atraso na entrega de cartas e encomendas é motivado também por conta de uma nova estratégia de revezamento de área para os carteiros.

O sindicato afirma que a implantação do sistema de Distribuição Domiciliar Alternada (DDA) e do Centro de Distribuição Domiciliar Centralizador (CDD-Centralizador) deve piorar o quadro. “O DDA é um sistema que retira a possibilidade de entrega diária do carteiro nas regiões atendidas por ele. Colocando o profissional em um sistema de revezamento de áreas, aumentando a área dos distritos, gerando uma sobrecarga de trabalho que dificulta o atendimento dos prazos na distribuição das cartas e encomendas. Impedindo que o carteiro entregue na sua rua e no seu bairro todos os dias”, pondera o sindicato.

“O sindicato está cumprindo o seu papel de defender a sociedade e os trabalhadores. Mas é preciso que a sociedade saiba o que está acontecendo para reagir contra esse descaso”, aponta Francisco Silvestre, diretor do Sintect-PI.

Outro lado

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa dos Correios no Piauí, mas a chefe do setor informou que precisaria entrar em contato com a direção nacional da empresa para, só então, apresentar (ou não) uma resposta à denúncia feita pelo sindicato.

O Dia