O cantor e compositor piauiense Wesley Jairo dos Santos Silva, 27 anos, está vivendo em prisão domiciliar em Goiania por um equívoco da justiça. Depois de passar fome, morar na rua e conseguir se estabelecer graças a ajuda de pessoas que conheceu na capital goiana, ele foi preso, em uma abordagem policial a ônibus coletivo, alegando que o piauiense estava há três anos foragido, em janeiro de 2017.
Wesley Jairo conta que passou uma semana na prisão sem saber que crime havia cometido, até que uma advogada, que o conhecia, resolveu ajudá-lo. “Ela descobriu que meu nome tinha sido dado em um roubo em Planaltina no Distrito Federal, por um jovem que foi preso em flagrante, em agosto de 2014. Esse jovem era meu irmão, que morreu um mês depois. Só que no mesmo processo, ele tinha assinado o nome dele verdadeiro. Mesmo assim, o processo corre como se fosse eu, sendo que lá tem a foto dele, os dados dele e somente o meu nome”, conta o cantor, que conseguiu com a ajuda da advogada reverter em prisão domiciliar e está há mais de um ano tentando provar sua inocência no caso.
Jairo diz que, quando tudo aconteceu, ele estava na sua melhor fase, conseguindo fazer shows, compor, tinha até feito uma participação no show do Gustavo Lima em Anápolis, mas tudo foi por água abaixo.
“Eu vivo de favor, não consigo arrumar emprego porque estou com nome sujo. Mas, eu não desisto. Compus uma música que consegui passar para um cantor solo de São Paulo por R$ 2 mil e esse dinheiro eu investi para saber mais sobre o processo. A advogada foi em Brasília e conseguiu trazer uma cópia para mim, estamos aguardando a revisão criminal já faz cinco meses, sendo que a mulher disse que sairia em três. Mas, como não tenho dinheiro para pagar o advogado estou aguardando, infelizmente a justiça é assim”, lamenta o cantor, que anexou provas de onde estava no dia do crime e apontou os erros do processo.
O cantor espera ser chamado para recolherem suas digitais e compará-las com a do cadáver seu irmão, Wedson Bruno dos Santos Pereira Silva, verdadeiro acusado do crime.
“Estou esperando a boa vontade deles, porque como eu ainda não fui ouvido, não consigo me livrar. Eu fui preso, a minha advogada conseguiu me soltar, mas todo mês tenho que comparecer ao Fórum, assinar papel e está me prejudicando porque não posso sair para fazer shows, pela restrição do horário da prisão domiciliar e por isso vivo de favor, que Graças a Deus, encontrei pessoas boas que me ajudam aqui”, afirma Wesley Jairo.
O piauiense disse que pensou em retornar para sua terra natal – Teresina, mas resolveu ficar em Goiania porque não quer desistir de seu sonho de ser cantor profissional e tem esperança de crescer.
“A vida de pessoas que não tem dinheiro, porque se eu tivesse condição de pagar um advogado bom, eu tinha limpado o meu nome. Eu já vi aqui em Goiania, mais três casos iguais ao meu, que o irmão usou nome do outro. Por isso, eu preciso um pouco de ajuda, não financeira, mas de alguém tentar me ajudar a se livrar desse processo. O resto eu corro atrás, porque isso me deixa envergonhado e constrangido, já que se eu for parado pela polícia, ela pode me chamar de bandido e isso não é bom”, desabafa Wesley Jairo.
Entenda o caso
O irmão do cantor, Wedson Bruno tinha 21 anos quando roubou um notebook sem bateria de um funcionário da Biblioteca de Planaltina-DF. Ele foi preso e deu o nome do irmão Wesley no momento da prisão, mas ao assinar o inquérito, assinou seu próprio nome. Ele passou três dias preso e foi solto. Nesta época, Wesley estava em Teresina, estudando e no dia do crime tinha até feito uma avaliação. Essas são as provas que ele anexou ao processo.
Uns dois meses depois, Wedson foi assassinado no Distrito Federal. E Wesley já havia ido para Goiás e soube da morte uns três dias depois. “Como eu era a pessoa que estava mais próxima, minha irmã me ligou pedindo para ir liberar o corpo, mas ele também tinha dado nome falso e foi uma luta para encontrar o corpo dele. Até que com as informações que dei, acharam um cadáver com as características e eu reconheci que era ele”, conta o cantor, sem saber, na época, que o irmão iria lhe causar esse transtorno.
Jairo ressalta também que nunca morou em Planaltina-DF, que teria morado em outra cidade do Distrito Federal e ainda em 2011.
Cidade Verde