A Secretaria de Desenvolvimento Rural do Piauí, por meio do projeto Viva o Semiárido (PVSA), recebeu, na última semana, o especialista sênior em pequenos ruminantes do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), Antonio Rota, para visita a experiências exitosas na ovinocaprinocultura apoiadas pelo PVSA, nas cidades de Queimada Nova e Betânia do Piauí.

O diretor de inclusão produtiva da SDR, Francisco Ribeiro, o Chicão, também participou da visita e afirmou que devido todo o avanço que a ovinocaprinocultura tem alcançado, no Piauí, criou-se uma boa imagem desta atividade. Antônio Rota vai apresentar, na Índia, um plano de fortalecimento desta atividade tendo como referência as experiências destes dois municípios.

Nos dois dias de campo, a equipe visitou, em Betânia do Piauí, a Cooperativa de Produtores e Produtoras da Chapada Vale do Rio Itaim (Coovita) e a Associação de Criadores e Criadoras de Caprinos e Ovinos de Betânia (Ascobetânia). Em Queimada Nova, o grupo conheceu o trabalho da Cooperativa de Criadores de Caprinos e Ovinos de Queimada Nova (Caprinova). Foi possível ver também áreas de plantio com destaque para o cultivo de palma forrageira gliricídio e a pornunça (híbrido de mandioca com maniçoba) e também moringa, sorgo e milho.

De acordo com Chicão, todos os produtores visitados garantiram a parte de segurança alimentar para seus animais, como resultado do apoio do PVSA. “Praticamente todos armazenaram mais de 10 toneladas de alimentos na forma de feno ou silagem e isso permitiu que eles atravessassem o período da estiagem sem perdas no rebanho. Como houve crescimento no plantio, espera-se que, no próximo ano, estes produtores consigam estocar cerca de 15 toneladas de alimentos para seus animais, assegurando seu sustento na época da seca”, declarou.

O diretor da DIP disse ainda que o PVSA tem estimulado a modernização dos centros de manejo de forma mais prática, garantindo uma melhor sanidade para estes animais. “Atualmente, os beneficiários do PVSA têm centros de manejo com telha, madeira serrada, piso que permite lavar ou varrer e com boa penetração solar, mantendo o local enxuto mesmo no período chuvoso. Com isso, o esterco também pode ser aproveitado, sendo ele, um subproduto importante da ovinocaprinocultura pelas suas qualidades nutritivas para as plantas e a terra”.

O estado de saúde e alimentar dos animais, além do melhoramento genético também foram outros pontos observados por Chicão e Antonio Rota. “Os animais têm boas linhagens, predominando as raças Santa Inês e Doper; permitindo uma maior qualidade da carne e maior aceitação do mercado. Também há uma preocupação rigorosa em seguir os calendários de vacinação e vermifugação”, enfatizou Francisco Ribeiro.

“Fiquei admirado pelos animais mantidos pelos agricultores da Ascobetânia e Caprinova”, ressaltou Antônio Rota. “Fiquei, absolutamente, impressionado com a utilização de palmas forrageiras, como a Leucaena spp e Gliricidium sepium para alimentação animal. Além disso, o sistema de micro-irrigação agora é amplamente utilizado para produzir a palma forrageira, o capim elefante e capim buffel”.

O especialista sênior em pequenos ruminantes do fundo internacional destacou ainda que temvisto progressos extraordinários nos estados do nordeste brasileiro, desde sua última visita. “O potencial de desenvolvimento ainda é enorme. Penso que seria necessário desenvolver uma política de apoio ao desenvolvimento das indústrias de carne e leite de ovinos e caprinos e, em particular, políticas que reconheçam a importância e o valor dos produtos lácteos de cabra. Isso pode ser feito primeiro identificando e analisando os estrangulamentos ao longo da cadeia de valor dos pequenos ruminantes. Há também margem para reduzir os custos de produção, especialmente os custos de energia. São estados abençoados por longos períodos de sol e vento”.

“Foi uma ótima visita. Novamente tive a oportunidade de aprender e, posteriormente, compartilhar este aprendizado com outros projetos financiados pelo Fida em todo o mundo, na Ásia, especialmente na Índia, na China; outros países latino-americanos, como a Argentina e a Venezuela, onde o FIDA está investindo no desenvolvimento de pequenos sistemas de produção de ruminantes e vários países africanos caracterizados por condições ambientais áridas e semiáridas”, antecipou Antonio Rota.

Antes de vir ao Piauí, Rota esteve na Paraíba visitando o projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase), também apoiado pelo Fida. Ele esteve nos municípios de Monteiro e Caxixola, no cariri ocidental paraibano, percorrendo experiências exitosas também na área da ovinocaprinocultura. O destaque foi para a Cooperativa de Produtores Rurais de Monteiro (Capribom), que vende a maior parte do seu produto para estado, por meio do Programa Leite da Paraíba, uma modalidade do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Além de leite, a Cooperativa produz queijos e iogurtes, e comercializa esses produtos também com o mercado privado.

Ascom