Quatro adolescentes foram resgatados de uma casa na cidade de Campo Maior, a 80 km de Teresina. De acordo com informações do Conselho Tutelar da cidade, os jovens têm idades entre 12 e 17 anos e eram obrigados a trabalhar fabricando e vendendo doces para conseguir dinheiro para a dona da casa, que seria a líder de uma seita religiosa.
Uma equipe do Conselho Tutelar de Teresina foi até a casa onde as crianças moravam na terça-feira (6), acompanhados da Polícia Militar. O Conselho foi acionado pelo pai de um dos adolescentes, que veio do estado do Pará para resgatar o filho de 17 anos. O adolescente voltou para seu estado de origem com o pai ainda na madrugada de quarta-feira (7).
Das outras três crianças, uma foi resgatada pela família e levada para Teresina, enquanto duas ficaram sob os cuidados dos conselheiros tutelares de Campo Maior. De acordo com Julimar Santana, o presidente do Conselho Tutelar de Campo Maior, os dois adolescentes se recusam a falar de onde vieram ou quem são suas famílias. “Os dois também são de Teresina, mas eles não abrem o jogo sobre onde moram”, disse.
Julimar Santana contou que as famílias dos jovens foram convencidas pela líder da seita. “Ela faz uma lavagem cerebral, diz que eles [adolescentes] serão purificadas, que ela é a ‘Deusa’ e que eles precisam obedecer a ela e já está bem enraizado na cabeça deles”, relatou o conselheiro tutelar.
Mulher não foi localizada e lucrava com crianças
As crianças eram obrigadas a preparar e vender cocadas, doces a base de coco e leite condensado, nas ruas de Campo Maior. “As crianças ficavam comendo só cuscuz com água, pão com café a alimentação deles era isso”, disse Julimar. O dinheiro das vendas era entregue para a mulher.
A mulher não foi localizada pelos conselheiros tutelares. De acordo com o Julimar Santana, ela refere-se a si mesma como “A Profetisa”, ou “Deus na Terra”. Segundo ele, a influência da mulher é tão forte que os adolescentes chamam a mulher de “mãe”, e mesmo depois do resgate continuam a protegê-la se recusando a dar informações.
A Delegacia de Campo Maior abriu um inquérito para investigar o caso. Os policiais apuram se há mais crianças envolvidas.
G1