Depois de diversos estudos sobre a extensão do maior cajueiro do mundo, foi comprovado cientificamente e publicado em artigo internacional, que a árvore de maior tamanho encontra-se no Piauí. O cajueiro possui cerca 8,8 mil metros quadrados e é conhecido como Cajueiro-Rei.

A conclusão do estudo ocorreu ainda em 2016, através de pesquisa realizada por equipe de pesquisadores do Laboratório de Biologia Molecular e de Estudos de Injúrias Biológicas (LABMIMBIO), da Universidade Estadual do Piauí (Uespi). Agora a comprovação veio do periódico internacional Genetics and Molecular Research (GMR), que publicou um artigo de sete páginas, apresentando as comprovações de que o Cajueiro-Rei, localizado em Cajueiro da Praia no Piauí, tem uma área de copa maior do que o cajueiro de Parnamirim (RN), eleito pelo Guinness Book (livro dos recordes), em 1994, como o maior do mundo.

A pesquisa foi liderada pelo dr. e farmacêutico bioquímico da Uespi, Fabrício Amaral e é assinada por mais sete pesquisadores radicados nas instituições Uespi, Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Fabrício Amaral explica que a pesquisa começou com uma iniciativa do então deputado federal, Flávio Nogueira, e depois ganhou força. “Na época nasceu todo o desafio de fazer a identificação genética e depois a mensuração do tamanho do cajueiro. O processo de avaliação ocorreu com a mensuração em GPS do cajueiro. Surgiu uma dúvida se aquela árvore era apenas uma planta, então, por meio de amostras analisadas em laboratórios, descobrimos que sim”, afirma.

A pesquisa na Uespi

De acordo com Fabrício Amaral, a pesquisa demandou um tempo de cerca de 8 meses. Isso ocorre devido a árvore ter uma extensão muito grande e os pesquisadores precisarem fazer várias colheitas da planta e levarem ao laboratório da Uespi para a confirmação se todas faziam parte da mesma espécie.

“No laboratório, o maior trabalho era extrair um DNA de qualidade, visto que a planta tem várias espécies. Após isso, analisamos as extremidades de cada parte dos galhos da planta. O nosso objetivo era se as amostras batiam umas com as outras, se assim ocorresse, era comprovado que era a mesma planta”, afirma o farmacêutico.

A pesquisa teve inicialmente um suporte da Secretaria do Turismo (Setur), mas o financiamento contou com o apoio da Uespi, que, por meio de laboratórios da universidade, a pesquisa pôde ter espaço institucional. “Junto ao professor Nouga, reitor da instituição, que sempre nos ajudou, eles liberavam o financeiro para sustentar os laboratórios. Então é preciso sempre ter essa iniciativa da Universidade”, diz Fabrício Amaral.

A pesquisa em favor do Turismo no Cajueiro-Rei

De acordo com o professor Fabrício, a preservação e conservação dessa planta, fazem parte de ações de educação ambiental e mobilização da comunidade. Como caráter social, o resultado disso tudo, frisa para a comunidade uma importância turística, visto que a região é muito rica. Além do cajueiro-rei, tem a praia do cajueiro, o cavalo-marinho e o peixe boi, que são naturalmente atrações turísticas.

Todos os anos, grupos de pesquisas realizam atividades de turismo na região, em favor de conhecer a principal atração turística, que é o cajueiro. O turista André Pryjma visitou o local esse ano e gostou da experiência de conhecer o lugar. “O local é muito bonito, me senti bem estando lá. Eu achei bastante curioso presenciar uma espécie grande como aquela, parece não ter fim, e nos instiga a ir desde o início ao final do local”, afirma.

Pesquisadores como Fabrício frisam na capacidade que o local tem de atrair muitos turistas e ser uma boa opção de lazer. O farmacêutico afirma que a pesquisa vai além do que apenas comprovar que o cajueiro é o maior, mas sim que ela traz também consigo um caráter social, e busca melhorar a condição do local para atrair turistas.

“Estamos trabalhando nisso, no turismo do cajueiro, e o impacto vai ser bem grande, porque um município tão pequeno ter tantos atrativos é algo muito bom para os turistas. Nós queremos trabalhar nos treinos de guias, melhorando a estrutura, para que o turista se sinta em casa, podendo almoçar e tudo, isso seria de fato interessante”, afirma o pesquisador.

O nome do Cajueiro-REI

O cajueiro recebeu o nome de Cajueiro-Rei devido a sua extensão. Destaca-se por ser uma árvore nascida apenas de uma única castanha. De acordo com o site Pinhas da alegria, do litoral piauiense, nas sombras do cajueiro, já foram encontrados vestígios arqueológicos, cacos e peças cerâmicas, provavelmente, deixadas por povos indígenas, caçadores e coletores que há milhares de anos circulavam pelo lugar.

O caju é tipicamente uma fruta originária do nordeste brasileiro. Utilizada para diversas funções, é rico em nutrientes como a vitamina C, que alimentam e dão produtividade a diversas pessoas que vivem desse tipo de agricultura.

Reconhecimento

Desde de 1994, o cajueiro da cidade de Parnamirim, no Rio Grande do Norte, é considerado pelo Guinness Book como o maior cajueiro do mundo. Mas agora, surge o grande desafio da equipe de pesquisa em substituir o cajueiro de Parnamirim pelo da Cajueiro da Praia. “O nosso desafio é que ele seja reconhecido pelo Guinness, esperamos contar com a Secretaria do Turismo e dar o nosso próximo passo de reconhecimento”, explica Fabrício Amaral.

Segundo o pesquisador, a comunidade da região de Cajueiro da Praia acredita que a planta exista há mais de 200 anos, entretanto, não há uma comprovação da pesquisa referente a isso. “Sobre o cajueiro ter 200 anos, isso é a comunidade quem afirma, não realizamos de fato uma pesquisa botânica, seria necessário um botânico para confirmar isso. Mas pessoalmente, eu acredito que tenha, porque para ter esse tamanho demanda tempo, então deve ter realmente muitos anos de existência”, afirma.

O docente ressalta a satisfação em realizar a pesquisa por uma universidade do estado. “Para mim, quando as coisas se encaixam, e os planos têm o fruto que desejamos, o resultado faz me sentir muito realizado. Mostra que nossa instituição tem pessoas capacitadas e pode realizar esse tipo de estudo. É uma realização pessoal, se o cajueiro continuar poderia dizer aos meus descendentes que ajudei naquela pesquisa, e isso é se sentir realizado”, conclui o farmacêutico Fabrício Amaral.

Portal AZ