A cerimônia de entrega de medalhas da 12ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) foi marcada por uma manifestação de estudantes pela continuidade da competição, com garantia de orçamento. Na plateia do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, alguns levantaram cartazes com a frase “Queremos OBMEP 2018”.
A realização da OBMEP depende de recursos repassados pelos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que aportam recursos no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), organizador da competição. O diretor-geral do Impa, Marcelo Viana, disse que se a proposta orçamentária para o próximo ano for mantida pelo governo do jeito em que está, a olimpíada corre risco de realização por falta de recursos.
“Sou otimista até debaixo d’água e acredito que ainda pode ser modificada, mas com essa previsão orçamentária não é possível realizar a olimpíada como nós a conhecemos, com essa amplitude que ela tem”, disse, Segundo ele, a OBMEP requer investimentos de R$ 53 milhões, divididos em partes iguais entre os dois ministérios.
Para o diretor do Impa, reduzir o número de participantes da olimpíada não pode ser considerada uma alternativa. “O que significa reduzir? É impedir a metade dos alunos participar? A olimpíada pela metade não tem sentido, descaracteriza os objetivos de instrumentos de inclusão social e educacional que tem”.
O secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Elton Santa Fé Zacarias, discursou logo após a manifestação dos estudantes e respondeu ao pedido: “Já sei o que vocês querem e o ministério vai fazer todo esforço para que a olimpíada em 2018 aconteça”, afirmou.
Antes da cerimônia, o secretário disse à Agência Brasil que o corte de recursos ameaça a OBMEP, mas afirmou que há negociações no Congresso Nacional para aumentar os valores no orçamento do ministério para o ano que vem. Além disso, segundo Zacarias, é possível que haja um remanejamento de recursos dentro da pasta. “Existe uma regra orçamentária para o setor de Ciência e Tecnologia que é o remanejamento das rubricas que são livres, então, o ministério tem um certo poder de manobra para tentar reequilibrar o orçamento do IMPA, se for necessário”, disse.
Se a questão do orçamento ainda está indefinida, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) já tem como certa a liberação de R$ 500 mil para pagar passagens e diárias para estudantes brasileiros que vão participar de olimpíadas internacionais de conhecimento, não apenas as de matemática. O diretor de desenvolvimento científico e de tecnologia da Finep, Wanderley de Souza, afirmou que o edital deve ser divulgado em até três semanas. “Vamos abrir uma chamada para selecionar duas ou três olimpíadas que possam receber este apoio. Não é possível [um estudante] passar por um processo seletivo e ainda tem que fazer vaquinha para poder viajar”, afirmou.
Mudanças na OBMEP
Na edição de 2017, que terá os resultados divulgados ainda este mês, a OBMEP foi aberta a estudantes de escolas particulares. Segundo Viana, diretor do Impa, a competição poderá ser estendida para alunos das primeiras séries escolares.
“Abrir a possibilidade de toda escola brasileira possa participar foi um primeiro passo que já realizamos em 2017. Tivemos 20% das escolas privadas brasileiras participando e acreditamos que esse percentual vai aumentar na medida em que a notícia for se espalhando. Por outro lado, temos o sonho, ainda mais ambicioso, de estender a olimpíada para os primeiros anos no ciclo inicial. É um sonho grande porque estamos falando em passar de 50 mil escolas para 200 mil escolas. Isso é importante porque achamos que crianças pequenininhas quando entram na escola gostam de matemática”.
Para o secretário de Educação do Rio de Janeiro, Wagner Victer, que tem um filho estudante de escola pública e medalhista da OBMEP, a competição incentiva também a participação em olimpíadas de outras matérias.
FOTO: Agência Brasil