“…Toda pedra do caminho, você pode retirar. Numa flor que tem espinhos, você pode se arranhar. Se o bem e o mal existem, você pode escolher. É preciso saber viver…” Os trechos da canção “É preciso saber viver”, composta pelos músicos Erasmo Carlos e Roberto Carlos, reflete que na vida os problemas e os desafios existem, mas que é possível superá-los e continuar tendo esperança.
Apesar de a canção ser uma reflexão sobre a existência, muitas pessoas sofrem de baixa autoestima, humor depressivo, insônia e falta de apetite. Mas por que essas pessoas se sentem assim? Quais fatores contribuem para isso? Como é possível então curar-se da depressão, libertar-se desse pensamento e ter prazer pela vida?
Dados recentes da Pesquisa Nacional de Saúde do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, no país, 7,6% dos adultos (18 anos ou mais) já foram diagnosticados com depressão, o que equivale a 11 milhões de pessoas. Diante do cenário nacional, o Piauí notificou 3,9% dos adultos, aproximadamente 117 mil habitantes com depressão. De acordo com o psicólogo e especialista em Neuropsicologia, João Marcos Amorim, o Piauí está seguindo a tendência nacional e mundial com relação à doença.
Segundo o psicólogo, a depressão é um transtorno mental, crônico e persistente que produz alterações de humor, caracterizado pela perda de interesse em atividades da vida diária prejudicando significativamente o dia a dia do indivíduo. “Existem fatores hereditários/genéticos implicados nos casos de depressão, todavia, nem todas as pessoas com esta predisposição reagem da mesma forma diante de situações que podem desencadear as crises”, explica.
Dentre os sintomas depressivos, João Marcos Amorim destaca a perda de apetite ou aumento de peso, alterações do sono, cansaço, fadiga, irritabilidade, baixa auto estima, percepções negativas da realidade, pensamentos de inadequação, incapacidade e/ou insatisfação consigo mesmo.
Tristeza ou Depressão?
Por questão de senso comum, muitas pessoas que confundem os sintomas da depressão com tristeza. Segundo o psicólogo João Marcos Amorim, o sentimento de tristeza pode sim ser caracterizado como sinônimo de depressão, no entanto é importante discernir sobre o assunto. “A tristeza patológica daquela transitória é provocada por acontecimentos ruins e desagradáveis, mas que fazem parte da vida do ser humano. Como por exemplo, a perda de um emprego, de um ente querido, a ruptura de um relacionamento, entre outras situações. Já nos casos depressivos, a tristeza é mais persistente, constante, sem motivos perceptíveis. O estado de humor declina e consequentemente da vazão para os sintomas depressivos”, esclareceu.
Evidências apontam que a depressão está entre os transtornos mentais que está intimamente relacionado ao suicídio e que entre os indivíduos que cometem o ato em grande percentual apresentam quadros depressivos. “Mas não podemos generalizar achando que todo indivíduo depressivo tem tendência suicida, afinal cada ser reage de maneira diferente diante da doença. Buscar ajuda especializada e manter hábitos de vida saudáveis é de grande relevância na prevenção e no tratamento”, destacou.
“É preciso saber viver…”
A depressão tem tratamento, mas ainda não tem cura. O tratamento é feito através de medicação, que atua de forma a melhorar os sintomas. Além disso, a psicoterapia na auxilia na reestruturação cognitiva e psicológica do indivíduo, bem como na resolução de conflitos, o que diminui o impacto gerado pelo estresse.
“A depressão é uma doença que exige acompanhamento multidisciplinar continuo/programado. Costumo dizer que o melhor tratamento é aquele que proporciona ao indivíduo a mudança de suas crenças mais profundas acerca do mundo, das pessoas e de si mesmo, além de proporcionar uma mudança de hábitos e melhorar sua qualidade de vida. Obviamente que em quadros depressivos mais graves o tratamento medicamentoso é relevante. Vale ressaltar que a atividade física e uma alimentação saudável quando associados ao tratamento psicológico e farmacológico, podem ser importantes no tratamento”, finalizou o psicólogo.
Entidades de prevenção ao suicídio
Em Teresina, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) mantém há quase três anos o PROVIDA, ambulatório especializado no tratamento de pessoas com ideação suicida. O local fica dentro do Centro Integrado Lineu Araújo e disponibiliza psicólogos e psiquiatra para atendimento de pessoas com sofrimento psíquico. O PROVIDA funciona de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h30 às 17h30. O atendimento é por demanda espontânea, ou seja, não precisa de marcação prévia.
Na capital também existem sete CAPS (Centros de Atenção Psicossocial): dois na zona Norte, sendo um Infantil; três na zona Sul, sendo um AD (voltado para pessoas com problemas pelo uso de álcool ou outras drogas); um na zona Sudeste e outro na zona Leste. Todos os endereços e mais informações estão disponibilizados no site da FMS: http://fms.teresina.pi.gov.br/. Convém informar que o horário de funcionamento do CAPS é de 8h às 18h, de segunda a sexta-feira.
Portal AZ