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Durante um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), coordenado pela Fiocruz Amazônia e pelo Instituto Oswaldo Cruz, pesquisadores identificaram o ressurgimento de um sorotipo do vírus da dengue no Brasil. O referido tipo da doença, identificado como sorotipo 3, não era visto no território nacional há pelo menos 15 anos.

Por conta da tomada de conhecimento da espécie do vírus, especialistas reacenderam, nessa quarta-feira (10), o alerta quanto ao risco de uma nova epidemia da doença causada por esse sorotipo viral. Atualmente existem cerca de quatro tipos do vírus da dengue, transmitidos pelo mosquito Aedes Aegypti, associados a epidemias sazonais pelo Brasil.

O chefe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados da Fiocruz Amazônia e pesquisador do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do IOC/Fiocruz, virologista Felipe Naveca, pontuou que, não agora, mas em um futuro não tão distante, o Brasil poderá ser acometido por epidemias causadas pelo sorotipo da doença

“Nesse estudo, fizemos a caracterização genética dos casos de infecção pelo sorotipo 3 do vírus dengue. É um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo”, explicou.

Os resultados da análise foram divulgados em artigo prepint na plataforma medRxiv, sem o processo de revisão por pares. O trabalho foi submetido para publicação em periódico científico.

Segundo as informações, o sorotipo 3 foi encontrado durante caracterização genética dos vírus referentes a quatro casos da infecção registrados este ano, em Roraima, na região Norte, e no Paraná, no Sul do país. A pesquisa contou com a parceria dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) dos referidos estados da federação.

“Assim, esse é um alerta válido não só para o Brasil, mas para toda a região das Américas. Tendo em vista estarmos vivendo um grande número de casos de arboviroses esse ano no Brasil, a detecção de um novo sorotipo do vírus da dengue não é uma boa notícia”, relatou.

Mais dados da pesquisa
Ainda conforme a Fiocruz, a infecção por um destes tipos de vírus gera imunidade contra o mesmo sorotipo, mas é possível contrair dengue novamente se houve contato com um sorotipo diferente. O risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias, registradas no começo dos anos 2000. Existe ainda o perido da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.

A pesquisa contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam); da Rede Genômica de Vigilância em Saúde do Amazonas; da Rede Genômica Fiocruz; do Inova Fiocruz (Inovação Amazônia); do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde do Brasil; do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

fonte : picos 40 graus