A epidemia de aids avança entre jovens do sexo masculino no Brasil. Enquanto a detecção da doença apresenta queda na maioria da população, os homens com idade entre 20 e 29 anos tiveram alta. O maior crescimento foi registrado na faixa etária entre 25 e 29 anos, que passou de 46 para 54,4 diagnósticos a cada 100 mil habitantes. Os mais jovens, de 20 a 24 anos, apresentaram aumento de 30,6 para 33,7.
Os dados são referentes ao período de dez anos, entre 2012 e 2022, e constam no Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, edição de dezembro de 2023, a mais atual até o momento.
“São muitos fatores que influenciam nesse resultado. Faltam campanhas, especialmente ações para jovens. Além disso, ainda existe muita resistência em falar sobre sexo nas famílias e escolas”, afirma o infectologista Dr. Vinícius Borges, membro titular da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
O especialista destaca que, mesmo sem aumento no número de casos no Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, continua relevante a taxa de infecção entre adolescentes de 15 a 19 anos, próximo a seis casos por 100 mil habitantes.
Nas demais faixas etárias do público masculino, o documento mostra queda de infecções, sendo a maior delas entre adultos com 35 a 39 anos. Neste grupo, a taxa de detecção da doença por 100 mil habitantes passou de 58,1 para 43,1. Já entre o público feminino, todas as faixas tiveram redução no período, sendo a maior delas entre mulheres de 35 a 39 anos, passando de 31,8 para 16,1 diagnósticos a cada 100 mil habitantes.
Mortalidade
O Ministério da Saúde registrou 10.994 óbitos tendo o HIV ou aids como causa básica em 2022, número 8,5% menor que as 12.019 mortes registradas em 2012. Isso significa que o Brasil registrou queda de 25,5% no coeficiente de mortalidade, que passou de 5,5 para 4,1 óbitos por 100 mil habitantes. Apesar disso, a mortalidade da doença segue elevada, com cerca de 30 óbitos diários.
Prevenção
O uso de preservativos, que consiste em uma das formas mais eficientes de prevenção do contágio por HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, está abaixo do esperado. Levantamento realizado pela Pesquisa Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, demonstra que apenas 22,8% das pessoas com 18 anos ou mais relataram usar preservativo em todas as relações sexuais dos últimos 12 meses. Outras 17,1% afirmaram usar eventualmente e 59% dos entrevistados, nenhuma vez.
“Outra forma de prevenção para contágio do HIV, mas que não protege contra outras doenças sexualmente transmissíveis, consiste na Profilaxia Pré-Exposição (PrEP)”, afirma o Dr. Borges.
O número de usuários de PrEP dobrou nos últimos dois anos. A terapia de prevenção da infecção pelo HIV passou de 50,7 mil usuários em 2022 para 104 mil neste ano, segundo o Ministério da Saúde. “Esse aumento expressivo é fruto de um trabalho muito importante do Ministério da Saúde para conscientização e disponibilização. Entretanto, ainda há margem para aumentar muito mais”, diz o infectologista.
A PrEP é considerada uma das principais iniciativas para a eliminação da doença como problema de saúde pública até 2030, e faz parte do grupo de medicamentos disponibilizados gratuitamente pelo SUS, mediante avaliação e prescrição médica.
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