O ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) disse que está “na pista para negócios” para uma candidatura à Presidência. Em painel na Brazil Conference neste domingo, 10, a colunista do Estadão Eliane Cantanhêde brincou que “dizem as más línguas” que Leite é um possível candidato ao Planalto. O ex-governador respondeu: “as boas línguas”.

Mais tarde no debate, Leite brincou com o fato de ter deixado o governo gaúcho no final de março. “À medida que estou desempregado vou ser candidato a alguma coisa, nem que seja a uma vaga de emprego”, falou. Cantanhêde perguntou se ele seria um candidato do centro e o tucano respondeu que essa seria uma discussão para outro painel.

O ex-governador também fez piada sobre os organizadores da Brazil Conference – evento anual planejado por estudantes brasileiros em Boston (EUA) – dividirem o título de co-presidentes: “Já que no meu partido pode ter uma disputa, nós podemos brincar: o co-presidente, vamos dividir…”.

Ainda que tenha sido derrotado nas prévias tucanas – que decidiram que o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) representaria o partido –, Leite tenta viabilizar sua participação na corrida à Presidência. O gaúcho tem se reunido com nomes da chamada “terceira via” e sinalizou que poderia ser vice na chapa presidencial de Simone Tebet (MDB). Mais cedo neste domingo, também na Brazil Conference, a senadora pregou a união do que chamou de “centro democrático”.

O ex-governador do Rio Grande do Sul falou na 8ª edição da Brazil Conference neste domingo, 10. O painel tinha como tema o poder econômico do brasileiro e a crise inflacionária, e foi moderado pela colunista do Estadão Eliane Cantanhêde. Também participaram do debate a professora da Universidade de São Paulo (USP) Laura Carvalho e o sócio do BTG Pactual Eduardo Loyo.

Painelistas falam sobre como superar a crise econômica

O debate passou por diferentes temas da área econômica. Ao ser perguntado sobre a atual política de preços de combustíveis, o ex-governador afirmou que a Petrobras “precisa ser conduzida a um processo de privatização responsável”. Leite disse também que fica “indignado” em ver o Brasil discutindo no século XXI o tema do petróleo.

“Não é o petróleo, não é a Petrobras a oportunidade de desenvolvimento do Brasil”, comentou. “A oportunidade que a gente tem é o que temos de potencial de energia limpa, que vai ser demandada por todo o mundo. Ficar discutindo a Petrobras como se fosse a solução para o Brasil do futuro é paramos no século XX”.

Ao ser perguntado sobre políticas de transferência de renda, Leite disse que o governo tem que criar uma “nova geração de programas” para reduzir a desigualdade. “Acho que o Brasil avançou em programas diversos, mas perdemos a oportunidade de aprimorar programas como esse a partir de exemplos que a pandemia deu”, disse. “Tem uma faixa da população atendida pelo Bolsa Família, mas microempreendedores e autônomos se viram afetados”.

Os outros debatedores também discutiram formas de superar a crise econômica. O sócio do banco BTG Pactual Eduardo Loyo destacou a importância de uma reforma tributária, uma vez que há várias “distorções” na forma de cobrar impostos no País. “É um sistema distorcivo, no sentido que decidiu tributar de forma diferente setores diferentes da economia. Isso faz com que os preços relativos na economia sejam completamente diferentes daqueles que deveriam vigorar. A economia acaba entortando”.

A professora de Economia da USP Laura Carvalho afirmou que o teto de gastos no Brasil é muito ruim, e que limitou a atuação do País em momentos de crise, como a pandemia. Ela disse que é preciso pensar em uma nova regra, já que a atual não é sustentável a longo prazo.

“Não acho que seja um erro pensar em uma regra que limite o crescimento de gastos no Brasil”, opinou. “Mas essa regra não estabelece um teto: na verdade é uma regra de redução de despesas com infraestrutura, investimentos, cultura, ciência e tecnologia, meio ambiente. O debate sobre teto de gastos deveria se sofisticar na direção de entender o que é a prática internacional e do estabelecimento de regras fiscais razoáveis e cumpríveis”.